Manuel de Freitas


Lisboa está a morrer. Disso não tenho dúvidas. As mãos criminosas que agora vedaram uma rua, para que o Condomínio Ramiro Leão possa oferecer segurança à «raça ruiva do porvir», são as mesmas que violentamente exterminaram, em 2008, o Grémio Lisbonense, uma das referências históricas da cidade. Tudo isto se faz, naturalmente, com o apoio tácito dos políticos, que nem sequer se esforçam por esconder a sua dependência de empresários, empreiteiros e especuladores imobiliários. Votar, mais do que nunca, é uma estupidez. Fecha uma taberna, acaba uma livraria, encerra-se uma rua, privatiza-se um jardim. Não tardará que seja o país a fechar, irremediavelmente.


retirado de «As Coordenadas Líricas» em Cão Celeste, nº 2, Lisboa: Outubro de 2012, p. 3

Sem comentários: