A vida prega-nos muitas e
nefastas surpresas. A morte que quase diria prematura, porque aos 70 anos não
se é velho, de mais um amigo, castigado por uma cruel doença, não é coisa boa.
Não andei com ele na escola, não fui às sortes com ele, nem dele fui companheiro
na empresa onde trabalhou largos anos. Mas fui e sou seu amigo. Habituei-me a
gostar dele por várias razões. É público que navegávamos nas mesmas águas
políticas e estivemos do mesmo lado em muitas causas. De facto o Manuel foi um
Homem de causas. Daquelas que só os grandes Homens são capazes de defender.
Primeiro no Sindicato dos Têxteis, quando seria mais cómodo ficar sentado na
cadeira de escritório que ocupava, veio para rua com os seus colegas de
trabalho reivindicando melhor salário e melhores condições de trabalho. No
desporto, na qualidade de treinador, ficará para memória futura a célebre
vitória da Equipa dos Amieiros Verdes do campeonato FNAT, ante a congénere de
Figueira Castelo Rodrigo. Já antes como hoquista eternizou-se a par de outros nas
melhores equipas de hóquei que o saudoso Campo das Festas viu. Impulsionador e
dinamizador do CAT (Centro de Alegria no Trabalho). Co-Fundador da Cooperativa
de Consumo Oito de Janeiro (Coopoito). Pioneiro da fundação do Partido
Socialista em Manteigas. Presidente da Associação Desportiva de Manteigas.
Director do Notícias de Manteigas, entre muitos outros cargos e tarefas que
ocupou durante a sua vida. Comentávamos amiúde as crónicas de Henrique
Monteiro, de Miguel Sousa Tavares e outros que ainda hoje escrevem no jornal
Expresso. Com ele aprendi muitas coisas. Homem de grande verticalidade esteve
sempre onde quis estar, nunca ninguém o empurrou. Fica-me uma frase que de
quando em vez me avivava: "Aos favores dos ricos prefiro o respeito dos
pobres". Até Sempre Manuel.
Rui Carvalho
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