Um poema de Sandra Andrade


terre creuse

descerei a pique até ao fogo
e aí depositarei o coração limpo e franco
que me sirva de candeia nesta próxima subida
os túneis, a vegetação, os bichos
o homem certo e genuíno
terá descido também a pique até ao centro
e no caminho estaremos os dois a fazer muito sentido

que me pegue ao colo (exausta) e me leve dali para fora
paisagem láctea e última. e última.


em doppelgänger, Coimbra: Debout Sur L'Oeuf, 2016, p. 52.

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