Robert Kurz


     É fácil de compreender que esta lógica da superação do trabalho abstracto seja incompatível com o conceito de socialismo do velho movimento operário. Em termos práticos, este apenas conseguia conceber a expansão do «tempo livre» sempre com base no «trabalho»; o «trabalho» parecia ser o essencial, o «tempo livre», o secundário, não essencial. Na luta pela redução do «dia de trabalho normal», consegui-se e alargou-se, de facto, o tempo livre disponível para as massas, mas pondo o acento no «trabalho normal» (abstracto) como centro nunca questionado da práxis vital e como assunto verdadeiramente instituidor de sentido.


em A honra perdida do trabalho, tradução de Lumir Nahodil e prefácio de Bruno Lamas, Lisboa: Antígona, 2018, p. 56.

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